Na semana em que anunciou, em evento na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), orçamento recorde do FGTS para investimentos, o ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), falou em entrevista ao Diário Catarinense sobre as crises econômica e política que o Brasil atravessa, medidas para impulsionar a retomada do crescimento e sobre o futuro pessoal e do seu partido no cenário eleitoral. Entre as projeções, o catarinense destaca a previsãode que ainda neste ano, no último trimestre, o país vai voltar a gerar empregos.
Ministro do Desenvolvimento propõe agenda positiva e destaca importância de exportações em palestra a empresários catarinenses
Em evento na Fiesc, ministro do Trabalho divulga orçamento recorde do FGTS
Quais os impactos da crise econômica na criação de empregos e no crescimento do país?
Nós estamos desde o início do ano em um momento difícil. Toda economia tem um período de crescimento, depois dá uma parada, mas não regride. Ela é adequada, recomposta. O Brasil vem de 12 anos crescendo, gerando emprego, batendo todos os recordes, dobrando o mercado de trabalho e consumidor, com ingresso de 51 milhões de pobres na classe média, além das políticas sociais de distribuição de renda. Agora o país está nesse processo de ajuste. Também vem acompanhado de um discurso radical de um setor da sociedade que disputou as eleições, não venceu e quer agora tentar desestabilizar o governo. Isso passa a imagem que o Brasil não teve um processo de desenvolvimento. Essas coisas contaminam porque o governo não tem instrumentos de comunicação para contrapor o discurso deles.
Quando o Brasil deve voltar a crescer e gerar empregos?
A previsão é que o Brasil volte a gerar empregos no último trimestre deste ano. No início do ano eu convidei vários setores da economia para conversar e saber deles as perspectivas, as avaliações. Vários segmentos estão com planos de se organizar, de se preparar para a retomada. O setor automobilístico, por exemplo, tem perspectiva de entre outubro e novembro regularizar a produção. Agora assinamos acordo comercial com o México, que vai aumentar as exportações, e também temos acordos com o Mercosul, eles vão ajudar nisso. Muitos setores estão animados de que esse é um período de ajustes e que o Brasil retomará o processo de crescimento.
Como tem sido a procura pelo Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que busca frear as demissões no país?
A condição para entrar no programa é que primeiro exista um acordo coletivo entre empregados e empregadores, isso é pré-requisito. Já tivemos o pedido de registro desses acordos de duas empresas de São Paulo, a Grammer do Brasil e a Caterpillar, que devem ingressar logo. Além disso, há muitas consultas buscando informações. O objetivo principal do PPE é a manuntenção do emprego. Há redução de carga horária e de salário de até 30%, sendo que o governo paga 15% desse valor, mas se mantém o vínculo empregatício, que garante direitos trabalhistas. Com isso também queremos melhorar a produtividade, permitir que as empresas se recuperem financeira e economicamente e estimular essas negociações coletivas. Acho que o programa terá sucesso, porque ele tem prazo de um ano, servirá como experiência e permite ajustes.
Como único representante de Santa Catarina no primeiro escalão do governo, o senhor consegue tratar de outras demandas do Estado com a presidente Dilma?
O Ministério do Trabalho é muito grande, tem muita capilaridade porque temos políticas que envolvem quase todos os outros ministérios. Tenho relação com todos os ministros permanentemente. Como representante de Santa Catarina, sou acionado pelos setores tanto patronal quanto dos trabalhadores na busca de ajuda e resolver soluções em diversos órgãos. E eu participei ainda nesta semana de audiência pública pra que se mantenha rodovias do Oeste no plano de concessões, agora semana que vem estarei em uma reunião da Secretaria dos Portos, pra tratar do Porto de Itajaí. Toda semana tenho atividades decorrentes das demandas do nosso Estado. Isso claro que me coloca na obrigação de conversar com todo mundo na defesa dos interesses catarinenses, dentro dos limites éticos e legais. Não tenho me furtado a isso.
Qual o futuro do PDT e do senhor no cenário político brasileiro?
Eu sou presidente da Fundação Leonel Brizola e secretário geral licenciado do PDT nacional, mas não perdi minha relação. Sou um animal político. Até a razão de eu estar no ministério é isso, não é porque tenho mandato ou porque o partido tem expressão em SC, é resultado da minha militância. O partido me indicou porque tenho alguns anos de trabalho e dedicação na construção da sigla. Vou continuar militando. O PDT se prepara para as eleições de 2016, aqui no Estado temos planejamento de eleger 20 prefeitos e 150 vereadores, mas que sejam pessoas com qualificação política. Estamos tornando obrigatório que todos os nossos candidatos realizem cursos de qualificaçao. Criamos a Universidade Leonel Brizola e a Rádio Legalidade para isso. Para 2018, discutimos a possibilidade de lançar candidato a presidente da República. Estamos fazendo seminários pelo país neste sentido, para debater uma proposta para o Brasil.
Pretende ser candidato?
Eu não sou pré-candidato a nenhum cargo, porque teria que ter recursos mínimos em uma eleição que está muito viciada, muito despolitizada. Ou você tem dinheiro ou não tem chance. Sou candidato a fazer o partido, isso eu vou morrer fazendo.
Como o senhor avalia a situação política do país?
A história se repete. Toda vez que governos populares vencem uma eleição, tentam impedir que governem, e não é só no Brasil. Já vivemos momentos assim com a morte de Getúlio Vargas, com a posse do Jango e agora com o Lula e a Dilma voltam com a mesma insistência, o mesmo discurso tentando desestabilizar governo. A presidente não conseguirão envolver em nada. Ela tem a favor dela toda uma história de dedicação, amor ao país, sacrifício pessoal em benefício da liberdade e da democracia. E os avanços e conquistas destes governos são inegáveis. As pessoas vão constatar que vivemos um momento de dificuldade, mas que não estamos perdendo nada. Pelo contrário, estamos consolidando os avanços. O PDT está no governo e temos obrigação, pela nossa história, de lutar por isso, de fortalecer a presidente. A causa da defesa da liberdade é dogmática pra nós.